quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ALUNOS DE LETRAS E INTEGRANTES DOS DEMAIS SUBPROJETOS PIBID NAS FIC PEDEM A PERMANÊNCIA DAS AÇÕES DO PIBID


CURSO DE EXTENSÃO - PORTUGUÊS-INSTRUMENTAL - PROFESSORA IRENE VIANNA

CURSO DE LETRAS DAS FIC PROMOVE CURSO DE PORTUGUÊS EXPERIMENTAL

O CURSO É MINISTRADO POR IRENE VIANNA, UM DOS ÍCONES DA EDUCAÇÃO NA HISTÓRIA DAS FIC. IMPERDÍVEL!

Cursos de Extensão Português Instrumental
Objetivo
Português Instrumental é o estudo da língua portuguesa que objetiva a capacitação para a compreensão, para a interpretação e para a composição de textos. Muitos estudantes e profissionais têm dúvidas sobre o texto técnico. Equívocos de concordância, de regência e a elaboração de textos sem clareza e objetividade são as maiores deficiências apresentadas por quem redige tecnicamente um texto.
Comunicar-se bem, tanto na expressão oral quanto na escrita, exige objetividade, clareza e coesão. Evitar modismos e gírias, além de cuidar da ortografica, correção e coerência das ideias apresentadas ajudam bastante na boa comunicação. Ainda não se deve esquecer de fazer boas leituras (livros literários, livros técnicos, revistas, jornais e artigos).
Vivemos em uma era altamente tecnológica e que exige rapidez nas comunicações. Assim, as possibilidades de "erros", sejam elas por meio do correio eletrônico (e-mail), memorandos, cartas comerciais e outros aumentam. Se a agilidade é importante em plena era da "sociedade conectada", comunicar-se bem e de forma eficiente em língua portuguesa, tornou-se algo essencial.
Público
Alunos das FIC, alunos do 3° ano do Ensino Médio e público externo.
Inscrições e Valores- Setor de Cursos
Alunos FIC - Gratuito
Alunos do 3° ano do Ensino Médio- Gratuito
Público Externo- R$50,00
Horários
Manhã - Turma 1 - 7h40min às 9h20min
Turma 2 - 9h40min às 11h20min
Noite - Turma 1 - 19h às 20h20min
Turma 2 - 20h30min às 21h50min
Período das Aulas
Início: 06/10
Término: 01/12
Observação: 1 encontro semanal, às 3° feiras.
Horas
Certificado com 30 horas
Docente
Prof° Irene da Silva Vianna da Silva

PIBID/FIC - Subprojeto P.A.A. estimula os docentes e se utiliza do Letramento e da Mediação Literária para produzir CD'S de Literatura gravados pelos alunos de escola Pública para pessoas cegas



 
EQUIPE PIBID/FIC - SUBPROJETO P.A.A. 
(Produção de Acervo de Áudio / Letras/Português)



A seguir, um texto apresentado no Fórum da Baixada em setembro de 2015 sobre o Subprojeto P.A.A.

PIBID/FIC P.A.A.: MEDIAÇÕES, INTERMEDIAÇÕES
E LETRAMENTO LITERÁRIO NA PRODUÇÃO
DE AUDIOLIVRO NA ESCOLA PÚBLICA

Prof. Me. Erivelto da Silva Reis
  (CAPES / PIBID/FIC – UFRJ – FIC – NEL-PPP – SEEDUC-RJ)
Profª. Drª. Arlene da Fonseca Figueira
  (CAPES / PIBID/FIC – UFF – FEUC/FIC – NEL-PPP – SME-RJ)


O presente trabalho pretende discutir e apresentar os resultados decorrentes das relações didático-pedagógicas relacionadas aos conceitos teóricos de letramento e mediação literária na práxis da realização das oficinas que conduzem e preparam os alunos da Rede Municipal de Ensino da Cidade do Rio de Janeiro, incluindo-se os alunos e alunas do PEJA, na Escola Municipal Euclides da Cunha, para a produção de audiolivro com obras em domínio público da Literatura para pessoas com necessidades especiais no campo da visão, alfabetização de adultos e acessibilidade literária, conforme previsto no subprojeto do Curso de Letras, Português/Literaturas, PIBID/FIC P.A.A. – Produção de Acervo de Áudio –, (Capes, edital 2013), desenvolvido por alunos bolsistas das Faculdades Integradas Campo-Grandenses na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Como referenciais teóricos, relacionados aos conceitos teóricos de Letramento e Mediação literária, utilizamos em nosso subprojeto as obras de Rildo Cosson (2009), Magda Soares (1998) e Marisa Lajolo (2006). O Subprojeto pretende promover práticas didático-pedagógicas que estimulem e preparem seus alunos a conhecerem obras da Literatura brasileira com a finalidade de produzir e tornar acessível o material que aproxime a Literatura dos portadores de necessidades especiais no campo da visão, adultos não alfabetizados e alunos dos ensinos médio e fundamental. Há a intenção de promover, através do desenvolvimento de metodologias e novas práticas, a pesquisa nas áreas do Letramento Literário, da Mediação Literária, da didática da Literatura e da Apropriação da Leitura e de constituir acervo disponível aos alunos da Instituição e às entidades que venham a tornarem-se parceiras do projeto. Busca-se, durante as oficinas preparatórias, a interação, a desinibição, o desenvolvimento sócio-cognitivo, o despertar da autoestima linguística dos participantes. Embora as práticas devam conduzir à confecção do audiolivro, as interações decorrentes de tais práticas têm se mostrado eficazes no desenvolvimento dos participantes, mesmo para suas atuações para além do objetivo macro do projeto, que é a produção do chamado “livro falado”.
Verificamos que os alunos da escola pública desenvolvem e lidam com noções de cidadania – pois aprendem, na prática, e se se sensibilizam com o sentido da inclusão que, intrinsicamente, se verifica no subprojeto, porque sabem que suas vozes serão ouvidas por pessoas com necessidades especiais no campo da visão; percebe-se significativa melhora na disciplina e nas práticas curriculares inerentes à leitura e interpretação nas disciplinas componentes do currículo oficial da rede municipal de educação; nota-se o desenvolvimento e o estímulo da ludicidade e da criatividade a partir da manipulação das linguagens literárias e de sua cognição e sensibilização aos temas e o entusiasmo pelo desejo de também produzir seus próprios textos, seja por escrito, seja oralmente, contando histórias criadas pelos alunos participantes ou por eles conhecidas, mas que por diversos contextos reais ou pressupostos, pareceriam na caber no espaço da sala de aula.
Destacamos, ainda, que a ação dos bolsistas do Subprojeto Letras Português/Literaturas os prepara efetivamente para práticas positivas contundentes e sistemáticas; e desperta nos alunos um sentimento de revalorização do espaço escolar, reanima os docentes já estabelecidos na unidade escolar, revigorando-os, de igual forma, a partir da percepção das mudanças e da velocidade e da qualidade dos resultados. 
O PIBID/FIC Subprojeto Letras-Português (CAPES, edital 2013), se constitui pela pesquisa e promoção de práticas que objetivem a gravação, por meio eletrônico digital, de leitura oral de clássicos da literatura que sejam de domínio público. Este subprojeto conta com 25 bolsistas do Curso de Letras das Faculdades Integradas Campo-grandenses (FIC/RJ), quatro supervisores (Professores da Escola Municipal Euclides da Cunha) e dois Coordenadores de área (Professores do Curso de Letras das FIC).
O Subprojeto pretende, ainda, promover práticas didático-pedagógicas que estimulem e preparem seus alunos a conhecerem obras da Literatura brasileira com a finalidade de produzir e tornar acessível o material que aproxime a Literatura dos portadores de necessidades especiais no campo da visão, adultos não alfabetizados e alunos dos ensinos médio e fundamental.
Há a intenção de promover, através do desenvolvimento de metodologias e novas práticas, a pesquisa nas áreas do Letramento Literário, da Mediação Literária, da didática da Literatura e da Apropriação da Leitura e de constituir acervo disponível aos alunos da Instituição e às entidades que venham a tornarem-se parceiras do projeto.
            O Gráfico a seguir pretende demonstrar os eixos através dos quais se estruturam as ações do PIBID/FIC Subprojeto Letras-Português:





1 – APRESENTAÇÃO
2– LEITURA
3 – COMPREENSÃO
4 – INTERPRETAÇÃO
5 – REPRODUÇÃO

            Gráfico demonstrativo de eixos teóricos e correlação das ações práticas PIBID/FIC - Subprojeto Letras-Português - 2014-2016.
As ações do subprojeto Letras-Português do Subprojeto PIBID/FIC (CAPES – Edital 2013), P.A.A. (Produção de Acervo de Áudio), visando à produção do “Livro falado”, ou audiolivro, tem se estruturado a partir de três eixos fundamentais e de suas recombinações:
a)      Letramento Literário;
b)      Mediação Literária;
c)      Apropriação da Leitura;
No primeiro eixo (conforme a barra azul do gráfico), Letramento Literário, a compreensão e a interação pretendem permitir ao aluno a percepção das modalidades e variações de gênero, com ênfase na ludicidade e na consolidação do processo cognitivo de leitura. Assim, desenvolvem-se estratégias específicas correlacionadas à desmecanização do processo de leitura, através do aumento da frequência da leitura, de sugestões de textos diferenciados daqueles com os quais os alunos estão acostumados e dos objetivos na interação com essas obras.
Estas ações são mais intensificadas, através do verificado na confecção dos módulos, nas oficinas de preparação, nas reuniões de planejamento e na captação dos resultados da interação entre os bolsistas PIBID/FIC, Letras-Português (CAPES, Edital 2013), na Escola Municipal Euclides da Cunha, entre os (as) alunos (as) na faixa etária entre 10 e 13 anos.
No segundo eixo (conforme a barra vermelha do gráfico), Mediação Literária, os bolsistas desenvolvem estratégias e práticas que privilegiam a abordagem sócio-cognitiva dos (as) alunos (as) da Escola Municipal Euclides da Cunha. A interação se apropria de textos cujas temáticas são um pouco mais direcionadas à interpretação e a correlação entre a leitura e o mundo no qual os (as) alunos (as) estão inseridos (as) como agentes sociais.
Neste momento, a interpretação e a compreensão se destacam como elementos preponderantes na abordagem, bem como a correlação entre diferentes gêneros literários e suas possibilidades comunicacionais. Os (as) estudantes começam a perceber que há uma relação mais direta entre o mundo das letras (da literatura, da música, das imagens) e a compreensão do mundo real, e que a compreensão do mundo real e das informações a ele relacionadas possibilita uma melhor interpretação das obras lidas. O prazer da leitura e a discussão sobre os sentidos das obras são estimulados intensamente pelos bolsistas PIBID/FIC, Letras-Português (CAPES, Edital 2013), na Escola Municipal Euclides da Cunha, entre os (as) alunos (as) na faixa etária entre 14 e 15 anos.
No terceiro eixo (conforme a barra verde do gráfico), apropriação e desenvolvimento da leitura, se destaca a percepção da aplicabilidade do domínio e da percepção da interpretação da leitura e de sua utilização para além das fronteiras da sala de aula. Há uma maior interação dos alunos com as experiências do mundo real e o seu conhecimento de mundo cai ganhando novos contornos, profundidade de compreensão, novas interpretações e os textos e obras literárias são compreendidos com mais intensidade e os (as) estudantes sorvem o prazer da leitura e assimilam melhor a percepção dos sentidos do que leem. A leitura oral dos textos, nessa faixa etária (16 a 17 anos), é estimulada como forma de rearticulação social e desinibição.
Elementos e fatores como a indisciplina, a estrutura física da escola, entre outros, se não impedem, dificultam. O gráfico mostra, por exemplo, que há maior relevância na Mediação Literária dos grupos compostos por adolescentes e que os pré-adolescentes precisam de maior incidência de práticas de Letramento. Não é uma regra, mas uma tendência verificada. Eventualmente, as exceções alguns (mas) alunos (as) subvertem a tendência. Ou porque são leitores letrados estimulados pela família, ou por serem desinibidos, etc. O que não significa que os pré-adolescentes não possam gravar, por exemplo, mas que para estes o letramento precede a mediação como recorrência; ao passo que para os adolescentes a mediação suplanta o letramento, pois a estes lhes falta a prática da busca pela interpretação ou pelo sentido, ou o deixar-se envolver pelo lúdico das obras. 
            Tecendo, ainda, considerações sobre o gráfico – produzido, naturalmente, em consequência das observações de ordem prática das dinâmicas do PIBID/FIC Subprojeto Letras-Português, compreende-se que seja interessante destacar que há a inclusão de uma categoria que, inicialmente, não estava prevista, quando da apresentação da minuta original do projeto, mas que se tem tornado fundamental para o redimensionamento de seu alcance: a interação com os alunos do Programa de Educação de Jovens e Adultos.
Esse grupo, PEJA, com o qual nossos bolsistas têm se encontrado às segundas-feiras à noite (os demais grupos de faixas etárias são reunidos das 12h às 13h, de terça à sexta), tem sido responsável pelo aparecimento de um item, uma preocupação positiva, aferição prática que motivou a todos os integrantes do PIBID/FIC, a autoestima linguística.
Verificamos que entre o Letramento Literário, a Mediação Literária e a Apropriação da Leitura, conforme os eixos eleitos pelos bolsistas, supervisores e coordenadores de área do Subprojeto PIBID/FIC, Letras-Português, devem ser construídos com a valorização da autoestima linguística dos (as) estudantes. É esse elemento que os conduzirá para a prática quando a mediação não estiver sendo realizada, que os fará redimensionar as percepções adquiridas com o letramento e que permitirá que as decisões e/ou interpretações de fatos e dados, tomadas após a leitura de uma notícia nos jornais, depois de verem ou ouvirem alguma informação em veículos de comunicação tradicionais ou em mídias e redes sociais, será mais positiva e autônoma.
A autoestima linguística, motiva, redimensiona e valoriza a formação do (a) estudante. É a compreensão de que é possível expressar-se tanto pela oralidade quanto pela escrita de forma a dar a conhecer de seus sentimentos e emoções, de sua forma de ver e de compreender o mundo, tal qual o ideal preconizado por Paulo Freire de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra. No entanto, quando o (a) estudante percebe uma sintonia entre estas duas formas de leitura, este (a), sente-se orgulhoso, capaz, autônomo e se lança a novos desafios.
Apropriar-se da leitura e ter a sua autoestima linguística valorizada, é nos alunos (as) da educação regular, melhorar suas condições sócio-cognitivas, estimular sua sensibilidade, sua ludicidade e nos alunos (as) do PEJA significa, além de todos esses aspectos tão importantes, reconhecer sua cidadania e permitir seu exercício.
Os eixos teóricos que norteiam as práticas se desenvolvem instrucionalmente em cinco fases que comportam práticas interacionais assim distinguidas (conforme gráfico demonstrativo) e intercambiáveis:
a)  1 – APRESENTAÇÃO
(Aproximação entre obra e estudante);
b) 2 – LEITURA
(Práticas de oralidade, formação do aluno leitor);
c)  3 – COMPREENSÃO
(Ludicidade, entendimento da obra);
d) 4 – INTERPRETAÇÃO
(Compreendida, o (a) estudante a apresenta conforme seu entendimento);
e)  5 – REPRODUÇÃO
(A interação conduz o (a) estudante à reprodução da obra visando à produção do acervo de áudio, ou, do que chamamos carinhosamente de “Livro Falado”).

            Outro aspecto que não pode ser desprezado é o da intercambialidade das ações e dos eixos em função da flutuação do público que adere ao projeto e da própria estruturação da educação pública na cidade do Rio de Janeiro, da qual a Escola Municipal Euclides da Cunha é um recorte representativo com especial particularidade para o fato que já fora assinalado desde a apresentação do Subprojeto à CAPES, de que a escola está localizada em uma região carente, cujo IDEB está em desenvolvimento, não obstante ainda perfaça uma condição social complexa e efetivamente não tão favorável.
            Há um aspecto que fora observado no decorrer do primeiro ano de pesquisa, de comparecimento aos seminários e que se corrobora na prática: o fato de que os teóricos tendem a associar o conceito de “Letramento Literário” a uma faixa de público mais jovem ou das séries iniciais até as intermediárias e o de “Mediação Literária” ao público associado aos adolescentes ou das séries intermediárias até as séries finais da educação fundamental.
            Que os leigos associassem “Letramento” ao conceito de alfabetização sem reconhecer neste, mera aferição mecânica de coalizão de sílabas e, naquele, a verdadeira constituição de um aluno leitor (quiçá, aluno autor!), não nos espanta, como pesquisadores. Mas que, tacitamente, ou por compartimentação e recorte teórico, ou por necessidade de especificidades de abordagem, haja preocupação ou ênfase ao Letramento nas séries iniciais e Mediação nas séries finais da Educação Fundamental ou no Ensino Médio, nos parece uma deficiência das práticas de abordagem ao texto literário. Para tanto, as práticas do PIBID/FIC Subprojeto Letras-Português têm valorizado a aproximação, o hibridismo entre as práticas decorrentes dessas teorias, conforme a necessidade de nossos grupos de alunos e alunas e consideramos ter obtido bons resultados.
            A seguir, apresentamos o gráfico de ações do nosso Subprojeto, mediante as considerações que relacionam os eixos teóricos às práticas que programamos:


Gráfico demonstrativo de percentual de ações do PIBID/FIC - Subprojeto Letras-Português - 2014-2016.

A partir do gráfico acima, destacamos e relacionamos cinco frentes de atuação dos coordenadores de área e dos bolsistas do PIBID/FIC Subprojeto Letras-Português:
1.  Oficinas de leitura e práticas de interação visando ações na Unidade Escolar (23%): Preparar os bolsistas da IES para o contato e a interação com os professores e funcionários da e para as interações com os estudantes U.E., através da formação de um repertório inicial de textos e ações didático-pedagógicas efetivas para a sensibilização do corpo escolar. (Encontros semanais às quartas-feiras das 17h às 19h).
2. Planejamento (20%): Realização de pesquisas bibliográficas, módulos instrucionais, produção e avaliação de materiais e organização de pesquisas de campo direcionadas a vários aspectos relacionados à Produção do Acervo de Áudio. Divididas em três eixos prioritários, anteriormente citados e explicitados. A saber:
a)         Letramento Literário;
b)         Mediação Pedagógica da Literatura na Educação Básica;
c)         Apropriação da Leitura.

3. Documentação (13%): Elaboração de protocolos, fichas cadastrais, cartas de apresentação, proposição, manutenção e acompanhamento sistemático de editais, abertura e cadastramento de currículo Lattes dos bolsistas, reuniões com a coordenação institucional, catalogação de pesquisas, manutenção da comunidade no Facebook, alimentação do blog, revisão de textos e pesquisas, distribuição de materiais utilizados pelos bolsistas na U.E., atendimento às inúmeras exigências legais e acadêmicas do Subprojeto PIBID/FIC Letras-Português junto à CAPES.

4. Práticas na Unidade Escolar (26%): Configuram-se como as ações preponderantes dos bolsistas, supervisores e coordenadores de área do Subprojeto Letras-Português. Serão explicitadas pormenorizadamente mais adiante neste artigo.

5. Produção de Acervo (18%): Produção de materiais específicos para os portadores de necessidades especiais no campo da visão e acervo de pesquisa em comparação entre os aportes teóricos e os desdobramentos práticos da pesquisa. Especificamente, todas as ações pretendem convergir para a produção do CD de áudio com as vozes dos alunos da U.E..
Coadunando-se com as diferentes ações, a cada novo encontro os bolsistas desenvolvem ou deverão desenvolver atividades de pesquisa (artigos, resenhas, resumos, fichamentos, visitas in loco e, nas ocasiões de participação em seminários, produção de banners e apresentação de trabalhos), que pretenderão formá-los como agentes pesquisadores conscientes das relações didático-pedagógicas concernentes às práticas na U.E. e das implicações acadêmicas e sociais relacionadas aos eixos que norteiam e/ou que se relacionam ao subprojeto.
Estas pesquisas estão documentadas nos arquivos do subprojeto PIBID/FIC P.A.A., na comunidade criada no Facebook: https://www.facebook.com/groups/909924495701945/ (grupo fechado) e no blog: http://pibidfeuclivrofalado.blogspot.com.br/.
Note-se que mais de 60% do tempo utilizado para o desenvolvimento do Subprojeto Letras-Português é relacionado diretamente a práticas e ações concernentes à atuação na Unidade Escolar. Isso reforça o caráter do projeto, permite a formulação e a aplicabilidade das práticas propostas e uma coleta e, consequente, produção de pesquisa e/ou acervo dentro dos parâmetros preconizados pela minuta que rege as atividades sugeridas nos objetivos e no cronograma de ações. Além disso, os espaços destinados às oficinas, à documentação e ao planejamento garantem a sistematização de práticas que permitirão a empregabilidade dos bons resultados, a correção de eventuais distorções; a associação, a apropriação e a produção de referenciais teóricos substanciais às práticas relacionadas e o acompanhamento, tanto acadêmico quanto funcional das atividades de bolsistas e profissionais responsáveis pelas ações.
As práticas instrucionais que são realizadas pelos bolsistas são definidas de acordo com os objetivos do Subprojeto, com as condições verificadas na U.E., com a percepção e a interação das condições cognitivas, afetivas e sociais percebidas no contato direto com os alunos durante o espaço destinado para as práticas na Escola.
Notadamente, os mesmos objetivos que norteiam nossas práticas, desenvolvimento de metodologias e de pesquisas no campo teórico, relacionadas, todas, à produção de acervo em áudio visando à inclusão e à interação de deficientes visuais, alfabetização de adultos e a valorização da leitura e da literatura dentro e fora da escola, através dos livros e de outros meios de acesso à arte, têm comovido e motivado os estudantes da U.E. a se empenharem, se “apropriarem” da leitura e da compreensão dos textos na busca por, tão breve quanto lhes seja possível,  estarem aptos a gravar os arquivos em áudio, sobretudo pretendendo auxiliar os portadores de necessidades especiais no campo da visão.
Percebe-se, igualmente, que muitos são seduzidos por um contato extraclasse diferenciado com a leitura e a literatura, outros com a interação lúdica com os livros e outras formas de arte e, naturalmente, a possibilidade de ter o registro de sua voz em um CD ou em qualquer tipo de arquivo compatível, em mídia ou virtualmente, sensibiliza e estimula sobremaneira aos (às) estudantes, que se transformam, nos modificam e melhoram como educadores (as) e se juntam a nós na mudança dos rumos deste país.
Entendemos que as perspectivas são animadoras e que o Programa deve, tão breve quanto seja possível, ampliar o alcance e o número de vagas para participação de novos bolsistas. A educação superior e a educação básica nunca estiveram tão próximas. E essa proximidade gera resultados não apenas para os futuros professores, mas para a pesquisa, a humanização das relações, a valorização da escola básica, fortalecimento da educação pública.
Em relação, especificamente, ao PIBID/FIC P.A.A., entendemos, ainda, que há um grande potencial de aplicação do projeto idealizado em nossa Instituição para outras Universidades e Faculdades, haja vista que o potencial do projeto transcende as questões didático-pedagógicas e atinge um viés de fomentador da inclusão social através de práticas simples, de custo baixíssimo, que requerem uma estrutura física elementar estabelecida minimamente em quaisquer escolas da educação básica para que possa se desenvolver.
Melhorados como leitores, ouvintes e alunos (as), eis que surge da Escola Pública, através da Educação Pública, uma nova e mais atuante geração de leitores cidadãos. Construídos, formados pela prática, in loco, de ações que se traduzem em efetivas transformações, eis que surgem educadores mais preparados para a interação, a inclusão e o diálogo. Estes, munidos de técnica, disciplina e conhecimentos oriundos de apoios teóricos comprovados na prática. Aqueles, homens e mulheres, que escreverão uma nova página na História deste país e que a lerão muito bem.
Ganham os pesquisadores, futuros professores e professoras; ganham os alunos e as alunas da educação pública com o acesso mediado às obras em multimeios; ganham aqueles que, pelos motivos elencados anteriormente, sobretudo pela impossibilidade de ler, poderão ter acesso às obras literárias, seu teor e ao conhecimento e às emoções que estas proporcionam. Ganha e escola, que precisa ganhar quando as políticas públicas equivocadas de sucessivos governos deste país impuseram e ensinaram que só soubesse ou pudesse perder.





Editorial da Revista Traduzir-se

EDITORIAL

            As Faculdades Integradas Campo-Grandenses, através do Curso de Letras, têm o prazer de apresentar o primeiro volume da Revista Traduzir-se.
        Nas palavras do Prof. Dr. Marcos Pasche[1], “um rápido passar de vistas pelo poema “Traduzir-se”, de Ferreira Gullar, permite notar alguém cindido em duas partes, oscilando entre condições existenciais incompatíveis: multidão e individualidade; razão e delírio; convenção e enigma. Uma leitura aprofundada, porém, talvez diga que “oscilação” não é a palavra mais adequada para atribuir ao texto, pois quem fala por meio dele não sugere alternar momentos de estados de espírito opostos, e sim reunir, na mesma hora e com igual proporção, caracteres paradoxais, como se sua unidade existencial só pudesse ocorrer em via dupla.
            Trazendo isso para o campo geral das revistas, vemos um quadro diferente. Normalmente, esse tipo de veículo se divide entre os grupos da legibilidade e do aprofundamento. A divisão é compreensível, mas produz uma fronteira rarissimamente atravessada: alegando desejo de alcance, um periódico se vale da síntese e da objetividade discursiva; o outro, preconizando a relevância da reflexão acurada, não vê problema em solicitar leitura com alto grau de concentração, pois seu compromisso não é com os fatos em si, mas com o pensar acerca dos mesmos. O saldo é conhecido: a revista de um grupo é lida, mas perde em credibilidade intelectual; a do outro possui respaldo científico, mas fala para uma tribo restrita, pois sua circulação é escassa, e seus textos, eruditos.
            Daí o nome desta Traduzir-se: Revista do Curso de Letras da Feuc: seu propósito é veicular reflexões cuidadosas, ajustadas a uma forma que as faça ganhar em leveza e inteligibilidade. Sua ideia central é congregar artigos que possam ser lidos com proveito por todos os integrantes da esfera universitária: graduandos, pós-graduandos e professores. Também por isso, Traduzir-se, apesar de produzida pelo curso de Letras, não é uma revista apenas das e para as Letras: nela há espaço para intervenções de outras áreas do conhecimento e para o discurso da arte. Assim, esta revista destaca sua rejeição ao que há de restritivo na departamentalização do saber e registra sua paixão pelo conhecimento amplo, como quem, adulta e meninamente, não vê na fronteira outra coisa que não um risco – a ser corrido e a ser pulado.”
             Nosso objetivo com esta publicação  é proporcionar aos nossos leitores uma interação com os diversos saberes aqui compartilhados, além de estimular o aprofundamento intelectual.
            A Revista Traduzir-se, ao trazer pontos relevantes na área da educação, instigará o crescimento acadêmico dos leitores, além de inserir inquietudes que provocarão novas pesquisas, como também proporcionarão novos olhares a temas problematizadores. Assim, ao interpretar e ao associar as leituras realizadas nesta revista, acreditamos que as reflexões servirão de alavanca para a criação de outros textos que enriquecerão futuros pesquisadores. Na certeza de que os articulistas trazem temas inovadores e, ao mesmo tempo, profícuos, perseveramos na crença de que todos nós desfrutaremos de oportunidades singulares ao refletirmos em cada assunto.
            Sendo assim, desejamos que o entrelaçamento de saberes adquiridos, através destes textos, possa propiciar aos leitores anseios por novas percepções diante do fazer acadêmico, permitindo-lhes aguçar em seu intelecto o interesse pela investigação.

                Coordenação do Curso de Letras das   Faculdades Integradas Campo-Grandenses (FIC)  
                                                           Profª. Drª.Arlene da Fonseca Figueira      
                                                           Profª. Ma. Norma Maria Jacinto da Silva

Dorismar Coelho, aluno do 3º período do Curso de História, envia uma Crônica para o Blog do NEL

Wellinton não gosta de brincar!
                                                                                          
                                                                                                   Dorismar Coelho Couto
Aluno do 3º Período - História Noturno

Eu o conheci numa tarde de sexta-feira, em que, sentado num dos bancos da pracinha central aguardava o tempo passar, quando ele se aproximou e com voz firme e quase cantante ofereceu-me seus bombons:
̶  Boa tarde, senhor. Gostaria de adquirir deliciosos bombons caseiros, completamente recheados com brigadeiro e conservados em baixa temperatura para não derreterem?
A abordagem, técnica e quase engraçada, e por se tratar de um vendedor tão pequeno, foi mais do que eficiente.
Saquei da carteira e constatei que apenas possuía cédulas de valor mais alto. Antes que eu lamentasse, Wellinton, exímio vendedor, ofereceu-se para trocar o dinheiro na agência dos Correios, do outro lado da praça, caso eu não me incomodasse em esperar “alguns instantes”.
Entreguei-lhe o dinheiro. Ele depositou a recipiente onde acondicionava seus bombons ao meu lado, no banco da praça. Insisti pra que ele não o fizesse, que podia levar seus produtos:
̶  O Sr. confiou em mim e eu tenho que mostrar que não vou fugir com seu dinheiro.
Quando ele retornou comprei dois bombons e puxei conversa, interessado em saber mais sobre ele.
Ele ainda não fez dez anos e cursa o quarto ano numa escola pública de pequena cidade do interior das Minas Gerais e sempre apanha dos outros meninos quando tenta brincar.
Vende bombons ou outros doces desde os quatro anos, ajudando a mãe, vendedora de picolés, que por sinal já passara por nós, e nos observou à distância enquanto conversamos.
A mãe recomendou que ele se afastasse das crianças que lhe batiam. Que fugisse quando o provocassem. Como todos os coleguinhas o agrediam, se afastou de todos. Gosta de vender e sabe a importância de ajudar a mãe a “por coisas em casa”.
No início tinha “um pouco de raiva” de seus agressores, mas hoje ele os acha “uns bobos que não sabem de nada”.
Ele não gosta de brincar.
Ganha setenta e cinco centavos por bombom que vende por dois reais.
O seu sonho é ser o melhor vendedor da cidade (eu não tenho dúvida que ele já é).
Digo-lhe que com estudo e dedicação ele pode ser qualquer coisa que quiser.
Ele me olha fixamente e diz que tenho cara de escritor.
Conto-lhe que escrevo muito, mas sou advogado.
̶  Todo mundo que faz coisa errada tem que ser preso?
̶  O senhor já prendeu muita gente?
Procuro explicar que não prendo ninguém, minha tarefa é libertar quem é preso injustamente.
Indago-lhe sobre o pai, o que ele faz.
̶  Meu pai está no Rio de Janeiro e não faz nada. Não gosto de falar sobre isto.
Wellinton está emocionado, olhos cheios d’água.
O pai cumpre pena por tráfico de drogas, soube mais tarde por sua mãe.
Mudamos de assunto e ele diz que seria legal ser astronauta. Deixo que ele descreva como imagina conhecer novos planetas, “dirigir” uma nave espacial.
Ele me pede desculpas, mas tem que continuar suas vendas porque ainda tem que fazer pelo menos mais quatro reais de lucro para comprar material para a mãe fazer um bolo.
Ofereço-lhe dez reais.
Ele recusa, quase indignado, dizendo que não está pedindo dinheiro para mim. Explico-lhe que é uma gratificação, uma gorjeta pelo tempo dele que tomei enquanto conversávamos.
Quer me dar mais bombons. Recuso e insisto, ele meio relutante aceita.
Por fim, se despede. Estende-me a mão para um aperto, cumprimento-o. Dou-lhe um abraço. Vejo-o afastar-se.
Enquanto ele segue seu caminho, procuro esconder minhas lágrimas num lenço. Elas teimam em cair.
 Choro porque me sinto culpado, ele deveria gostar de brincar, aliás ele deveria estar brincando e não vendendo. Eu choro, pelos milhares de Wellintons.
Choro por tudo o que ele tem direito e somos impotentes para lhe garantir. Nesta sociedade que hoje reverbera ódio, enaltece a violência, embora afirme lutar contra ela, criminaliza pobres. Wellinton vende seus bombons.
Num momento em que as cloacas se abrem para intolerantes de todos os matizes, dos racistas aos sexistas, dos elitistas aos fundamentalistas religiosos, o que nós temos para oferecer ao Wellinton? Cadeia aos dezesseis anos?  Mais presídios e menos escolas? Autos de resistência?
De minha parte, continuo travando o embate permanente contra as ideias retrógadas que insistem em nos oferecer o obscurantismo como solução, esgrimindo como armas a tolerância, a gentileza, a humildade e o respeito à dignidade da pessoa humana. Persisto na busca de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, e torço, para que a criança que não tem ódio de seus agressores, continue sendo capaz de me perdoar.
Antes de deixar a praça, ofereço os bombons comprados para duas menininhas que brincam. Talvez amanhã, a vida seja mais doce...




TRADUZIR-SE, DE FERREIRA GULLAR, INSPIRAÇÃO PARA A REVISTA DO CURSO DE LETRAS DA FEUC

              TRADUZIR: traduzindo palavras e ideias

       A Revista Traduzir-se, produzida pelo Núcleo de Estudos da Linguagem Poeta Primitivo Paes, do Curso de Letras das Faculdades Integradas Campo-Grandenses a ser lançada no Fórum de Educação, Pós-Graduação e II Seminário Institucional PIBID/FIC, nos dias 13 e 14 de outubro, já nasce sob a égide de um grande Patrono: o poeta Ferreira Gullar. Coordenada pelas professoras Arlene da Fonseca Figueira, idealizada e estruturada pelos professores Marcos Pasche (UFRRJ - quando de sua rápida passagem pelo Curso de Letras das FIC), e pelo professor Erivelto Reis (FIC/NEL) e levada à publicação pela professora Caroline Moreira Reis. 
              A Revista é composta por trabalhos e Artigos de diversos professores das FIC , alunos e convidados. A Traduzir-se pretende dialogar elementos acadêmicos e culturais numa linguagem de entrelaçamento e aproximação entre linguagens e abordagens temáticas que a possam tornar atraente, instigante e relevante no que concerne aos estudos nas áreas das Literaturas Vernáculas, Linguística, Língua Portuguesa e nas áreas relacionadas ao universo do ensino de Inglês e Espanhol.
                A Traduzir-se abre espaço, ainda,  a artigos de alunos das FIC, resultados de pesquisa da iniciação científica ou das orientações visando às monografias e aos trabalhos de conclusão de curso. É um espaço de toda a comunidade acadêmica relacionada e/ou interessadas nas Letras.  
                Por fim, saudamos os alunos e pesquisadores, os leitores em potencial e a toda a equipe, formada por profissionais de inúmeros setores que ajudaram a idealizar, organizar, produzir e a colocar no ar uma publicação com ISSN (2447-2409) aberta a toda a comunidade acadêmica da Graduação à Pós-Graduação. Saudamos e louvamos o empenho particular da Coordenadora do Curso de Letras e Diretora de Ensino das Faculdades Integradas Campo-Grandenses Profª. Drª. Arlene da Fonseca Figueira, da Vice-Coordenadora do Curso Profª. Ma. Norma Maria Jacinto da Silva e à Profª. Drª. Caroline Moreira Reis, que arregimentou de forma brilhante a execução final do projeto da Revista. Parabéns. Traduzir é entender e perceber com a alma.


       Acesse a revista clicando no link: http://www.site.feuc.br/traduzirse/index.php/traduzirse


A seguir, o célebre poema inspirador de Ferreira Gullar:

Traduzir-se


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
De Na Vertigem do Dia (1975-1980)
 

Ferreira Gullar